10 de fev. de 2012

Uma história visualmente interessante

Repararam que o blog anda mais visual que de costume? Isso tem relação com um movimento muito particular de proximidade e encantamento com a ferramenta de vídeo e com tudo que a circunda como edição, produção, direção, imagens etc. Depois que aprendi a fuçar nos programas de edição de vídeo e imagem ando bem mais atenta aos vídeos que vejo por aí afora. Tenho muito respeito e admiração por quem faz disso trabalho sério (tem muita gente que vive, competentemente, disso no Brasil e no mundo!). Por isso é cada vez mais comum vermos vídeos, curtas- metragens, propagandas e videoclipes bem produzidos no mercado.
Mercado é outra palavrinha chata que temos de recordar quando falamos dessa instrumentalização, pois a função criativa na qual se enquadra a safra de vídeos hoje no Brasil e no mundo se vale "essencialmente" na compra-venda de algo (seja produto ou ideia(s).) 
Situar essas coisas às claras (pelo menos na lei do mercado) não é crime algum, porém nos cabe uma reflexão a respeito da perigosa mistura entre inventividade, arte e mercado. É só lembrarmos os movimentos atuais da "indústria" fonográfica de massa e dos (inúmeros) selos independentes que tentam fazer resistência a ela, dos filmes e documentários "hollywoodianos" e de outra leva mais conceitual que tenta ganhar seu espaço ao sol pelos festivais mundo afora ... Esse assunto renderia outro post sensacional, mas pra esse cabe outra reflexão (que não isenta a anterior) mas que desloca um pouco o rumo da prosa. 
Esse post surgiu da necessidade de falar um pouco mais do instrumento vídeo-comunicação e de como ele pode um dispositivo precioso pra se dizer ou não alguma coisa. Pensei isso depois de assistir o videoclipe abaixo, da cantora Tulipa Ruiz, e de como em poucos minutos isso me rendeu um post e muitas inquietações. O vídeo é curtinho, mas tem muito a dizer. Foi essa a sensação que tive quando ele terminou. É um vídeo, mas poderia ser um livro. E isso, claro, vem associado ao belíssimo trabalho de arte da produção e direção. Um vídeo é uma ideia, alguma coisa que se passará naqueles 4/5 minutos. E na música da tulipa muita coisa já acontece. Daí entra o trabalho de arte, da construção e não obviedade entre as coisas, mesmo que o interesse seja musicar imagens (como em um videoclipe). Como espectadora eu vi um clipe descontínuo, que não reproduz a letra de Sushi, mas cria outros elementos para a história da canção. A letra não descreveu o clipe mas o vídeo aumentou a letra. Eu vi sexo, delírio, pensamento, desejo  (tudo naquela montanha russa!) e vi fome, querer, loucura, dor ... 
A Tulipa é dessas artistas que me dão a impressão de que as coisas não estão aleatórias no tempo e no espaço, que tudo foi pensado (mesmo que sem "milimetrismos") pra ecoar bonito em quem ouve/ler/ver. Gosto de artistas assim, que desafiam seus parceiros. Talvez por isso tenha gostado tanto do vídeo dentre os tantos vídeos que tenho assistido ultimamente. 
Que nessa luta que desemboca entre mercado-ideia-criatividade-invenção o vídeo possa ser um instrumento de comunicação onde se diz, se ouve ,se cala ,se brada e se encanta.  O meu desejo é que continuemos ou comecemos a enxergar os vídeos que nascem por aí, paridos de cabeças tão invetivas mundo a fora.   

  
Pra vocês curtirem!


Créditos:

Direção: Leandra Leal 
Elenco: Taina Müller e Júlio Andrade 
Diretor de Fotografia: David Pacheco Montagem: Dimitre Lucho, Júlio Andrade e Leandra Leal
Finalização: Fabricio Batista (imagem), Felipe Mussel (som) Produção: Daza Cultural 

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