Ali,
deitada sobre o chão duro do quarto comecei a respirar você.
A
consciência do teu ar entrando em mim e me alargando os poros foi de uma dureza
sublime.
Respirei
ofegante, como quem carrega o sopro de uma existência que já não é mais sua.
O
ar, esse elemento etéreo do presente, me invadiu sem pedir licença.
O
vento duvidoso de uma inicial calmaria logo evaporou.
Senti
sobre o meu corpo o rabisco do vento que procura um espaço não conhecido para
existir.
Uma
ação sem grandes glórias e um desejo que não se sabe de onde vem e para onde
vai.
Sinto
que o ar é teimoso, ele insiste em aflorar pequenos delírios e grandes solidões.
Por
causa de sua delicadeza, devasta qualquer vegetação imposta.
Por ser imposto, qualquer corpo vira cansaço.
Sempre
que me perguntarem direi que foi assim que te conheci, sendo ventania no
meu deserto.
E
vivo, bem vivo!
Terno
descomprometimento com o futuro.
Bem
sei que encontrei você de passagem, indo ali buscar alívio e algumas doses de
loucura.
De
mim, sei menos.
Sei
tudo quanto o amor que arde e nada além de toda essa confusão.
Viva,
bem viva!
Inteira
na errância de amar o que não estava no caminho.
Confundindo
a língua com o grito com cheiro com a cor com o desejo com o pavor com a
vontade de ser grande sem precisar sair de você.
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