As mãos,as vísceras e a confusão

Quase nunca falo de mim apenas de minhas personagens.
Pálidas, ávidas, negras, gélidas, finas e cheias de ternuras.
E de tantas em tantas que faço pergunto se delas tenho mais que a intenção da pena.
Sinceramente, não sei como responder essa pergunta.
Acho lamentável ficar explicando em miudinho todas as coisas.
(...)
Me confundo com elas.
Sou personagem, vivo.
Eu sou isso,aquilo e o adiante,o retorno e o contorno,o labirinto e a paisagem.
E nada sou nada mesma intensidade.
Tem dias que fico sentada no meio da vida, colhendo cerejas sangradas de volúpia, jogando pedrinhas ao vento e sofrendo de felicidade.
Em outros alivio meus pecados, a dor e o cansaço, implorando pra viver!
Coisa boa é ficar à deriva, amar sem preguiça e chorar de saudade.
E depois de tantas desobrigações, desobrigar-se até dela também, fazendo desdém do que virou acordo.
E se retorno a elas, como na inquietação inicial, retorno também a ti, a mim, a nós.
O que somos, afinal, senão fingidores do caos?

Thamila Santos,
As mãos,as vísceras e a confusão
deste blog nas horas vagas e nas horas cheias.