
É assim com os livros, com o agridoce do paladar e habitualmente com o raciocínio. Tem vezes que eu paro na fila do banco e fico recontando a história dos meus livros na cabeça pra arquitetar um encontro que nunca vai acontecer, mas bem que poderia de fato. "Quem sabe a Maga e Oliveira foram pintados, em um dia de sol, pelas mãos de Robert nos arredores do Chelsea em troca de alguns tostões e aquela famosa jaqueta de ovelha..." Fico bricolando as histórias e divertindo os caminhos por infinitas vezes na minha cabeça.
É uma babel de conspiração sobre a minha imaginação, desde a curiosa mania de observar quem eu nunca vi na vida na fila do banco, na rodoviária até a implicância habitual com o destino dos personagens dos livros e biografias que leio.
É tudo tão profundo que você sempre parece estar na superfície.
E olha que eu tô falando desde o início de literatura (para provocar os azedos de plantão que dividem as coisas em extremos e se insuflam separando vida real e ficção).
Tudo é escritura,meu caro. Já nos dizia Cortázar em seu jogo da amarelinha.
O que somos nós além de fábulas cotidianas confusas polêmicas transitórias em cena?
Tudo é escritura,meu caro. Já nos dizia Cortázar em seu jogo da amarelinha.
O que somos nós além de fábulas cotidianas confusas polêmicas transitórias em cena?
A minha fila do banco é real tão como o amor de Maga e Oliveira em Paris e a contracultura que exalava nos corredores do Chelsea na América de 69.
Nós somos todos personagens, vulneráveis e comprometidos (alguns mais, outros menos) com a cena que nos compete e ainda dançamos por aí conforme khronos dita ser a técnica mais favorável.
Tolinhos, deve suspirar a arte em algum lugar de nós (sobre nós!):
"Como eles fingem mal viver sobre o insuportável, ou aliás, como eles fingem que fingem."
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*Os livros entrecortados aqui e que ando lendo são: Só Garotos,Patti Smith(Cia das letras)/ O Jogo da amarelinha,Julio Cortázar(Civilização brasileira) e Clarice,Benjamin Moser(Cosac Naify).
**Fotografia de lukas vasilikos retirada do seu belíssimo Flickr.
**Fotografia de lukas vasilikos retirada do seu belíssimo Flickr.
amei a fotografia e o texto.
ResponderExcluirvocê vai bordando meu coração assim .. sempre com palavras!
agora que estou de férias, estou aceitando periodicamente os teus cafés.
as vezes, quando estou na parada esperando um ônibus, ou aguardando chegar a minha vez para comprar o pão ou até mesmo em aulas chatas .. me pego pensando em coisas exatamente assim.
O pensamento corre solto e a mente divaga. As vezes é bom e eu gosto. As vezes não é, porque geralmente sou tão calada (por conta dos pensamentos que gritam e me se fazem confusos).
Mas é assim. É assim que eu também me sinto.
Esse fotógrafo é incrível!!!
ResponderExcluirAh, pra constar mais uma aventura,
ontem no supermecado escondi um dos meu doces prediletos pq estavam em apenas 2 unidades (e eu estava sem $$ pra comprá-los). Daí no final da tarde quando voltei eles estavam no mesmo lugar que eu deixei, guardado pra mim e do resto do mundo.
De vez em quando faço essas estripulias,
vivo como se o mundo fosse só meu.
Sei lá, isso é tão solitário e bom.
Bom saber que vc tem disso tbm.
(:
Thamila nunca pare de escreve, você tem estilo, levesa, poesia nas palavras, tão jovem, e tão madura.
ResponderExcluirTambém não consigo ler so um livros, geralmente leio mais de um, por isso inda não terminei O jogo da amarelinha, mas ele é um livro para saborear devagar,é um pouco indigesto rsrsrs.
Bjs e parabéns pelo instigante texto.