Interessante ela não saber quantos passos precisavam para se chegar naquele destino. Nunca havia reparado nesse detalhe até ele preguntar com tanta métrica quanto o percurso exigia de si. Assustada e trôpega na resposta, com sempre era em horas difíceis, ela pensou vagarosamente no que ia dizer a ele.
Não sabia do percurso, essa era a verdade.
Percorria desatenta aquele chão como quem move uma manivela por obrigação. E então, pensou pra si, que quanto mais invertesse aquele suplício mais teria que justificar seu silêncio.
Inventou 187 passadas. Não queria deixar o moço sem resposta alguma.
Pensou nesse número como quem labuta uma rosa, haveria de ser alguma distância digna da pergunta do rapaz. Ou talvez servisse para lhe amparar as esperanças do cansaço evidente.
Ele nada disse depois disso, apenas olhava fixo para suas botinas desgastadas e ria um riso bonito, como quem se surpreende da vida.
Ela então fez o mesmo percursso, baixou seus olhos impetuosos em busca da comédia e viu que suas botas desmentiam o tamanho esforço do falatório.
O lodo, os grãos de areia amontoados e as marcas d´água no bico da saia revelavam um caminho bem mais longo do que seu não saber queria esconder. Coisa que o rapaz já havia de ter visto, imaginou ela.
Foi uma ligeira confusão, tempo do rapaz achar proeza naquela insanidade e beleza no seu ofegante desconcerto.
Ele se atreveu a pedir licença para tocar nos seus dedos já trêmulos e com consentimento segurou de leve suas mãos tão pequenas.
A menina atônita, fiel ao seu gosto de silêncios, falou com as mãos.
Distanciou-se daquele estranho com misto de obrigação e sensibilidade, mas nem de longe sentia medo. Tanto que manteve-se ali esperando uma continuidade do seu riso bonito.
A menina atônita, fiel ao seu gosto de silêncios, falou com as mãos.
Distanciou-se daquele estranho com misto de obrigação e sensibilidade, mas nem de longe sentia medo. Tanto que manteve-se ali esperando uma continuidade do seu riso bonito.
Ele entendeu, mas reservou-se em sentir.
Abaixou-se para pegar a maleta de verniz estridente que carregava a tiracolo e se despediu como quem lamenta uma descuido, pedindo perdão pelas possíveis indelicadezas. Agradeceu a informação das 187 passadas e disse a ela que para um perfume de tão bom agrado aquelas mãos só podiam pertencer a olhos inquietos e desassossegados com a vida.
Ela sorriu com os lábios e conservou-lhe a falar que se enchia de surpresa por um estranho a ver dessa maneira,já que as pessoas próximas sempre a julgavam de estranha e avoada.
Ele lhe disse com gentilezas:
- Fico, então, a imaginar o tamanho privilégio que teria de vê-la com minha outra visão, se a tivesse.
Prefiro sempre a companhia de gente estranha e avoada por perto!
Surpresa com as nova descoberta, a menina e aquele estranho encontraram alguns motivos a mais para continuar a conversa e outros desconcertos para rirem juntos.
Ela com seus silêncios avoados e ele com suas visões inventadas ...
Abaixou-se para pegar a maleta de verniz estridente que carregava a tiracolo e se despediu como quem lamenta uma descuido, pedindo perdão pelas possíveis indelicadezas. Agradeceu a informação das 187 passadas e disse a ela que para um perfume de tão bom agrado aquelas mãos só podiam pertencer a olhos inquietos e desassossegados com a vida.
Ela sorriu com os lábios e conservou-lhe a falar que se enchia de surpresa por um estranho a ver dessa maneira,já que as pessoas próximas sempre a julgavam de estranha e avoada.
Ele lhe disse com gentilezas:
- Fico, então, a imaginar o tamanho privilégio que teria de vê-la com minha outra visão, se a tivesse.
Prefiro sempre a companhia de gente estranha e avoada por perto!
Surpresa com as nova descoberta, a menina e aquele estranho encontraram alguns motivos a mais para continuar a conversa e outros desconcertos para rirem juntos.
Ela com seus silêncios avoados e ele com suas visões inventadas ...
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