18 de set. de 2010

distante,distante.



A escuridão constrange, move meus cataventos com um vento frio, me mantém em alerta.
Percebo nos sons do meu corpo um inesgotável balbucio de socorro. Olho para os lados, procuro o barulho das gentes, das intensidades, do carinho outrora oferecido sem apego; nem vestígio. 
Ali restava apenas eu,de olhos cerrados a imaginar mais pessoas,das quais eu desejava em minha companhia ... [pois não temo confessar que não convivo muito bem,às vezes, com o cheiro da solidão ] ... Não as encontrei,apenas imaginei por alguns instantes os mesmos rostos pálidos intrigantes que me atormentam, aqueles sorrisinhos amarelados de gente que se contenta com sua própria sorte.
Abro-os, o ainda permanece.
Dou alguns passos sem intenção, pego o giz de cera, faço rabiscos desprezíveis - coloco uma música de uma cantora francesa bem doce. É  uma música triste, que naquele momento alegrava minha tristeza. Gosto de escutá-la cantando pra mim, dizendo coisas que eu jamais diria, alcançando agudos que eu jamais alcançaria ... ao fundo ouve-se pássaros contentes,bem mais livres que eu.
Retorno ao papel, anseio escrever um poema deslumbrante,de fazer saltar o coração das gentes.
Tentativa frustrada,a única coisa que povoa minha cabeça é a  pretensão, nada de palavras que aceitem esse convite. Até elas?
Hoje não era dia pra eu ser feliz, era dia de alívio estranho.
Um dia feito especialmente para esvaziar as peneiras.






Pra ouvir enquanto lê ♪
Yael Naim - Far Far

2 comentários:

  1. belíssimo, Thami!!! A tua delicadeza com cada palavra sempre é uma surpresa emocionante pra mim.

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  2. Bruna, muito obrigada.
    Escrevi esse texto sem pretensão alguma,[ pelo menos esse,JURO!]
    acho que ele nasceu pra me fazer companhia,nessa noite REAL em minha vida.
    Obrigada pelo recado e por ter gasto seu tempo comigo.
    beijo.

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