Nina e a felicidade
Nina, uma garotinha de 8 anos, sente-se profundamente infeliz por ter se desentendido com sua melhor amiga. Angustiada, dirige perguntas sobre felicidade a si e àqueles que estão ao seu redor, inclusive seu cachorrinho. Afinal, o que é ser feliz? Por que basta um deslize – meia dúzia de frases equivocadas, a insegurança que nos faz exigir daqueles que amamos mais do que podem dar ou um gesto estabanado – para que tudo pareça perder a cor, o brilho e a vontade grande de chorar nos surpreenda? Por que é tão fácil ser infeliz?
Sentir-se bem, satisfeito com o que a vida oferece e lidar calmamente com frustrações é só uma questão escolha ou é preciso também contar com uma dose de sorte? Afinal, a felicidade depende de mim ou também dos outros? Ela tem necessariamente a ver com o amor? É possível ser feliz o tempo todo, para sempre? Talvez não. É bem possível que a felicidade tenha ligação íntima com nossa capacidade de reafirmar escolhas -- não só por causa do que nos agrada, mas apesar do que é diferente, incompreensível e às vezes incômodo. E também com a generosidade para perdoar a nós mesmos e aos outros, nos oferecendo o que (de fato) desejamos. Saber o que nos faz bem, nos faz sorrir e nos sentirmos plenos (ainda que esse estado não seja perene, mas afinal, o que é permanente nessa vida???) também costuma ser útil.
Curiosa, a personagem faz perguntas para tentar compreender os próprios sentimentos diante do mundo – interno e externo – tão difícil de entender. E convida o leitor a passear por especulações filosóficas apresentadas em Nina e a felicidade. O livro, escrito pelo doutor em filosofia Oscar Brenifier, foi lançado na França no ano passado e chega agora ao Brasil em tradução da Editora Globo. Apresentando um enredo que privilegia a reflexão em vez da ação, o autor propõe o exercício do pensamento, impulsionado por referências a mitos gregos (como o de Sísifo, condenado eternamente a empurrar uma rocha ao topo de uma colina), a contos de fadas como da Cinderela ou aos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda. As ilustrações da artista francesa Iris de Moüy têm forte influência dos mangás japoneses.

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